UA-89169382-1 Crônicas de Juvenal: Tatu

sexta-feira, 17 de maio de 2013

Tatu

Uma das vantagens de viver no Brasil é que ele nunca cansa de me surpreender.

É claro que cabe muita discussão sobre o tipo de surpresa reservada, mas, geralmente, as surpresas quase sempre trazem à reboque algum tipo de controvérsia. Como esta ideia de jerico - dessas que nem o mais jerico dos jericos seria capaz de ter - que nasceu nos EUA e que acabou virando moda por aqui.

Para início de conversa, os pais da ideia são David Boltjes e Paul Inman, dois presidiários norte-americanos que realizaram uma intervenção cirúrgica nos olhos para mudar a cor da esclera, isto é, aquela parte branca do olho(http://www.hojeemdia.com.br/noticias/conheca-os-riscos-da-tatuagem-no-olho-a-moda-que-pegou-entre-presidiarios-e-celebridades-1.124091). Para tanto, eles utilizaram técnicas de tatuagem, colorindo o fundos dos olhos de de vermelho e azul, em 2010.

Por mais imbecil que a moda fosse, ela jamais passaria em brancas nuvens aqui neste estado-nação que eu chamo carinhosamente de "País das Mil e Uma Plásticas". Os oftalmologistas já disseram com todas as letras: " 'Às vezes não acontece nada, mas pode dar um problema irreversível. Você pode estar se mutilando', diz Leonardo Marculino, oftalmologista do Hospital CEMA".

A lista das desvantagens é longa. "Entre os riscos do procedimento estão inflamações, catarata, glaucoma e até cegueira". Além disso, a danada da cirurgia dói tanto no bolso - pois custa algo em torno de R$ 25 mil - como no corpo. Um dos seus primeiros adeptos, o presidiário David Boltjes, descreveu poeticamente a sensação da cirurgia: como "se alguém tivesse tocando picadores de gelo ou facas nos olhos".

Para encerrar a questão, o oftalmologista Leonardo Marculino bate o martelo: “É um procedimento que, por um motivo fútil, coloca em risco um órgão nobre do corpo”. E eu fico cá me perguntando: qual é, afinal, a vantagem de tanto sofrimento se, no final das contas, a cirurgia não vai te ajudar a ver a vida com outras cores?

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